Saturday, November 17, 2007

O poder do sorriso autêntico

Ser feliz não é ter tudo que se quer
Não é ser tudo o que se desejaria ser .
Não é fazer tudo que gostaria de poder fazer.
Ser feliz é aceitar as piores situações

Armado com o que há de mais eficaz
contra negatividades de outrem,
sentindo sair de dentro de si,
espontaneamente e sinseramente
a arma mor do sorriso verdadeiro,

não forçado. Aquele que te lembra
as crianças brincando na lama suja e feia,
mas com essa arma estampada no rosto
e transmitindo a paz em seu coração.

Essa arma que desarma qualquer
pensamento negativo que poderiam lhe endereçar.
Essa arma também é o próprio escudo construído
com a força da mente e do coração,

servindo como divino instrumento, presente
nas criancinhas, independente das circunstâncias;
e repassando a pureza e inocência alegre
com seus belos e banguelos sorrisos,

ainda que no meio da lama e do lodo.
Assim como aprendi com um monge:
- o diamante que ficou perdido por um tempo na lama
não deixou de ser diamante por isso...

by Art Ness

Wednesday, August 15, 2007

Dores...


Há tempos fui ferida no cerne de meu ser

Os anos passam, mas não apagam

As marcas de estragos

As dores em trapos


Quero morrer agora

Chega de sofrer

Não suporto a demora

Dum infinito envelhecer


Pior que viver

É ser desprezada, ignorada

Pior que odiar


É não poder amar

Pior que se ferir

É sentir culpa por existir




Sunday, August 12, 2007

Sexo


Carne enxarcada de brilho

Sedas luas percorrendo o trilho

Somas nuas a banhar no rio

Deleite cósmico pelo qual sorrio

Nada, tudo, galvaniza o desvario

Lama, lamba, ama-lhe

Cama, samba, bamba-lhe

Suando viajante de terso brio

Como um rio

Nasce, cresce, reparte-se

E morre...

Monday, July 16, 2007

Violência

Violando a essência do ser que aprende

Importunando a si próprio por longos anos

Alimentando toda a carência subjacente

Talvez obrando um desvio raquidiano

Eis uma face humana natural

Nem Hitler, Sadd ou Nietzsche...

Apenas mais um mortal como eu e tu

Ante teorias qual do fetiche

...

Sunday, July 15, 2007

Lágrima interna polui a circulação sanguínea, entope os poros, corrói a carne. Expressa a angústia de nem se conseguir libertar pelos olhos, perdida num meio ardido, putrefato vivo. Atinge os neurônios, contamina o humor, acarreta comportamento sofredor. E no auge do entorpecimento, ajunta-se com pedaços de alimentos ruminados e explode num forte fluxo seguindo a trilha da garganta e expulsando ar, dor, líquor pela podre boca desmielinizada.

Thursday, July 12, 2007

Fantasia borbulhante, nível infanto – ainda não diz. Quisera quimera realizasse, que mera veleidade – ingenuidade. Tocaste o cerne do arrepio, do sensível inaudito, indizível. Mobiliza forças do Mistério, sente-se levado por algo etéreo, caminha cego ao obscuro, imperceptível empuxo...

Náusea mundana dizendo o desprezo explosivo sentido, vivido, cuspido em terra do “esperto”, corrupto encoberto. Lixo vomitado com odor de fome, miséria, carência social, fundamental.

Tocar é bom se é querido, ou vira tortura. Unir duas produções químicas divinas misturando as energias e produzindo algo novo, seja sensação, prazer, sentimento, visão, filho... Sem relação de toque fica muito autista e inumano, perde fala e significações variadas. Tocar o ar, o tempo, o espaço no que tem de imaginário, veleidade singela, contemplação... Tocar o ponto do limite, da dor, do desamparo é dispensável, dá muito medo.

Trote

Sm.1. andadura natural das cavalgadas, entre o passo ordinário e o galope, e que se caracteriza pelas batidas regularmente espaçadas das patas.


Balança e dói, dentes batem, o traseiro tá duro e não pára de bater, cansa o bobo do trotar, e não o bichano, se o fosse mas é ginete do melhor. Cavalgando ao ar livre por sinal nem é tão livre nem tão sinal nem importa que sob as rédeas ainda cavalga e respira sente vento e seu talento.

E o carro entrava na via do Apocalipse quando, de chofre, surgiu o Deus Espírito, aspirou poluição, selvageria, enganação; bocejou seu cansaço adjacente e expirou bondade ad infinitum, justiça e indignação. Tocaram arpas e cítaras os belovistosos arcanjos, acompanhados de seus pupilosanjos, obedientes pretendentes.

Monday, July 9, 2007

Uma pitada de noz – moscada


Dói no fundo do centro mais sensível da alma

O mal dispersa rapidamente

Atingindo todos os órgãos internos

Até chegar, ardendo, aos membros

E superfícies do templo carnal.

Aperta, queima, arde, arrasta o ar e o sangue

Não há o que o estanque

É o exato inferno em sensações

O sentimento? Não sei do que se trata

Ou como se trata, ou se retrata.

Sei que dói na pulsação,

Em cada inspiração, em cada expiração.

Dói no ver, no ouvir, no tocar...

Se falar, desfaleço – eis o limite.

Com esforço, escrevo,

Tentando aliviar, ou relatar, talvez comunicar

O indecifrável, inefável,

Inarrável...


Thursday, July 5, 2007

A festa


Luxo, chiqueza, máscaras extras

Papos triviais, engodos banais

Perda de naturalidade, espontaneidade

Aprendizagem das artificialidades

Sorrisos grosseiros, manchados

Saltos doídos, inchaços

Maquiagem aberrante, modelante

Padrões repetidos, obrigados

...

Tuesday, July 3, 2007

Dilema


Numa tarde de inverno daquele ano

Espiei pela fresta da velha porta

Deparei-me com um dilema humano:

- Que farei pelo mundo afora?

Um grande cisco de areia entrou

Perturbador, tolheu-me a visão

O mundo então mudou:

- Que farei com a imprevisão?

Monday, July 2, 2007

Retrato do espírito


Névoa esbranquiçada do descanso passageiro

Cheirando a alma levada pelo vento corriqueiro

Povoa o deserto escurecido dos ardentes olhos

Provocando balbúrdia dos sentidos e internos órgãos

No vagar de frases imagísticas de cunho onírico

Pelo universo ilógico do sonho satírico

Dançam as emoções indiscretas do desatino

Pelo percurso poético de humor mais fino

Escalada silenciosa dos arrepios vivos

Ligeira história que constituiu o ser cativo

Abrindo brechas no grave lençol do momento presente

Irrompendo queixumes do flanco que sente

Mendigando sorrisos das almas que passam

Com a deprecação concisa nos moles lábios

Sustenta um organismo com pão de esperança

Medíocre temor do mais além da andança

Sunday, July 1, 2007

grito ou pinto

Munch (Van Gogh)


E o instinto não abandonou o personagem, naquele tom conquistador, suportado por todo o brilhantismo que mascara o caráter devastador.

Cores, formas, transformações... Infinitas nuances, quantas visões diversas de mundo, combinações das ênfases... Quantas são as ligações dos genes; e os ângulos emergentes...

Sonho, devaneio, ilusão? Este quantum de carne, ossos, pêlos, sensações, que de modo involuntário, interagem com emoções?


Se a grande margem do oceano, em seu pequeno movimento de todo ano, arrastasse-me ao grande fado, que sentido faz pastar neste pequeno prado?

Desventura insólita acomete sem predição, suprimindo qualquer pretensa esperança de ajuda. Todos os pontos de apoio dissolvem-se como gelatina na água, nem uma fina ponta a se agarrar no desespero por respirar.

Ainda diz-se justa tal vida terrena, atos e reações. Só se for fora do alcance da vista, do olfato, do tato.

Só vê-se sangue, miséria, fome, desemprego, drogas e droga de dor. Se o colchão pudesse ser confortável o suficiente para que nada o atingisse...

Desvelando...



Não sei chorar ou sorrir

Não sei acordar, nem ao menos sentir

Roubaram minhas raízes de intimidade

Levaram minha dor e, com ela, min’espontaneidade

Só deixaram este perene torpor

E um coração que não vale a idade

Queria poder dizer o que sinto

Porém não consigo, nem sei como nasceu

Não sei como veio

Mas dói e nem entendo o porquê

Percebo-me comprometido

Naquilo que dizem ser o ‘eu’

Minha alma é uma verdade mentida

Pensa ser aquilo que nunca apareceu

Meu intuito não era o desapontamento

Mas não posso fingir que sei de sentimento