Sunday, June 28, 2009

esquizoanálise x psicanálise a partir de Mil Platôs(impressões)


A obra Mil Platôs "O Anti-Édipo tinha uma ambição kantiana: era preciso tentar uma espécie de crítica da razão pura no nível do inconsciente." (DELEUZE e GUATARRI, 2004:

temas fundamentais:

1- Substituição da idéia do inconsciente enquanto teatro pela idéia de inconsciente como usina (questão de produção de inconsciente e não de representação de conteúdos do inconsciente).
2- O delírio é histórico-mundial, não familiar: deliram-se raças, tribos, culturas, organizações, posições sociais, etc.
3- Existe uma história universal, que não é a da necessidade, e sim da contingência (DELEUZE e GUATARRI, 2004

"O projeto é construtivista" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 08)

Maio de 68

"Sonhávamos em acabar com Édipo" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 07)

constituir um pensamento que se efetue através do "múltiplo" - e não a partir de uma lógica binária, dualista, do tipo "um-dois", "sujeito-objeto", que se efetue por dicotomia, tal como vemos na psicanálise, na lingüística e na informática -, de modo a construir uma teoria das multiplicidades que fosse imanente, que colocasse propostas concretas de pensamento ao invés de simplesmente se limitar à crítica da psicanálise.

izoma→ pensar as multiplicidades por elas mesmas, visto que o fundamento do rizoma é a própria multiplicidade. Vejamos a definição dada pela botânica:

"Em botânica, chama-se rizoma a um tipo de caule que algumas plantas verdes possuem, que cresce horizontalmente, muitas vezes subterrâneo, mas podendo também ter porções aéreas. O caule do lírio e da bananeira são totalmente subterrâneos, mas certos fetos desenvolvem rizomas parcialmente aéreos. Certos rizomas, como em várias de capim (gramíneas), servem como órgãos de reprodução vegetativa ou assexuada, desenvolvendo raízes e caules aéreos nos seus nós. Noutros casos, o rizoma pode servir como órgão de reserva de energia, na forma de , tornando-se tuberoso, mas com uma estrutura diferente de um tubérculo ."

Para D&G, este tipo de caule em conjunto com a terra, o ar, animais, a idéia humana de solo, a árvore, e etc formariam o rizoma, não se limitando apenas à pura materialidade, mas também à imaterialidade de uma máquina abstrata que o arrasta, sendo, portanto, um conceito ao mesmo tempo ontológico e pragmático de análise.

Rizoma
"Um platô está sempre no meio, nem início nem fim. Um rizoma é feito de platôs." (DELEUZE e GUATARRI, 2004:

Um rizoma é uma segunda espécie de conjunto de linhas. Um primeiro conjunto de linhas é aquele no qual uma linha é subordinada ao ponto, à verticalidade e horizontalidade, que estria o espaço, faz um contorno, submete multiplicidades variáveis ao Uno, ao Todo de uma dimensão suplementar ou suplementária. As linhas deste tipo são as linhas molares, e formam sistemas binários, arborescentes, circulares e segmentários .

Um rizoma é totalmente diferente deste primeiro tipo de linhas, o rizoma não é exato, mas um conjunto de elementos vagos, nômades, de maltas e não de classes: "Do ponto de vista do pathos, é a psicose e sobretudo a esquizofrenia que exprimem estas multiplicidades." (DELEUZE e GUATARRI, 1997: 221)

"não há universalidade da linguagem, mas sim um concurso de dialetos, de patoás, de gírias, de línguas especiais. (...) A língua é, segundo uma fórmula de Weinreich, "uma realidade essencialmente heterogênea". Portanto, é impossível pensar em "uma língua-mãe", mas somente em uma "tomada de poder por uma língua dominante dentro de uma multiplicidade política" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 16).

"A árvore lingüística à maneira de Chomsky começa ainda num ponto S e procede por dicotomia" (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 15), sendo assim "um marcador de poder antes de ser marcador sintático". (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 15) Tais modelos não dão conta nem da abstração nem da materialidade da língua,

"por não atingir a máquina abstrata que opera a conexão de uma língua com os conteúdos semânticos e pragmáticos de enunciados, com agenciamentos coletivos de enunciação, com todo uma micropolítica do campo social." (DELEUZE e GUATARRI, 2004: 15)

Tuesday, June 9, 2009

O incessar


Eu ia pela estrada do acaso

Quando apareceu o carro vermelho

Com as vidraças foscas, jogando água

Nas pessoas da calçada enlameada


Seu jeito tão grosseiro e mal-educado

Cantando pneu e acelerando o máximo

Lá ia o carro, sádico janota

Pequena cena, infantil agir


Atormenta meu pensamento vago

Silenciando o fogo do acaso

Inicia a orgia desenfreada


Selvagens jovens ébrios e mimados

Desfazem a arte do ser e estar

Acaba o gargalhar ao vomitar